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Surfando com critério

14.4.10

Surfando com critério*

Brasileiros são agressivos. Brasileiros são famintos por ondas. Brasileiros invadem o pico em grandes bandos. Brasileiros são barulhentos. Brasileiros têm uma natureza exageradamente competitiva. Brasileiros comemoram até manobras medianas em competições.

Nenhuma das declarações – dadas por alguns dos entrevistados para essa matéria - é totalmente mentirosa. E nenhuma, claro, é puramente verdadeira. A Fluir ouviu uma pá de atletas, dirigentes e jornalistas com a difícil missão de falar sobre a suposta sombra do preconceito que, dizem alguns surfistas e jornalistas, oprime alguns brasileiros no circuito mundial e até mesmo em viagens pelo mundo. Lá fora, especialmente nos Estados Unidos, parte da mídia já compartilha com a ideia de que, sim, há preconceito. Mas quase sempre atribuem o problema a supostas atitudes condenáveis de uma leva de brasileiros que não respeitaria nem Duke Kahanamoku se fosse vivo.

A justificativa resvala no preconceito. Basta enxergar as afirmações acima por outra ótica: Sunny Garcia, com histórico vergonhoso de agressões e intimidações, é um legítimo havaiano. Kelly Slater, da Flórida, vira um notório fominha dentro d´água. Quando o assunto é crowd, não há grupos maiores que os de americanos nos picos do mundo – explica-se: eles têm mais dinheiro. Falando em fairplay, os ianques gostam tão pouco de perder que lá o moleque que não nasceu para ser o quarteback da escola ganha logo o apelido de looser. E, na hora de ganhar mais um décimo na bateria, até o nobre australiano Joel Parkinson soca o ar.

Ideias preconcebidas costumam ser geradas a partir das generalizações mais primitivas. A história bem que poderia ser a seguinte: um americano toma porrada de um brasileiro na Indonésia. Volta para casa com o olho roxo e ódio público a todo negro, amarelo ou branco nascido nos domínios da terra de Pelé. Conta o episódio na mesa de um bar a outro amigo, que por acaso acabou de chegar da Costa Rica com o estômago embrulhado com 37 rabeadas aplicadas por um grupo alegre e barulhento de surfistas que falavam português. Tomando uma bud na dele, mas atento ao papo, está um juiz da ASP. Não duvide: duas experiências podem transformar 190 milhões potenciais surfistas em vilões condenados às notas baixas.

Muitos surfistas brasileiros, em algum momento, já reclamaram do peso na caneta no julgamento. É como se entrassem nas baterias da elite da ASP com uma espécie de dívida a pagar com os juízes. Dois pontos a menos, antes de rodar o cronômetro. Exageros à parte – afinal, quem perde sempre se acha mal julgado – outro dia o jornalista Roger Sharp, do site americano Surfline, deixou escapar aos seus leitores que ele também vê brasileiros sendo prejudicados em baterias. Diz o texto, publicado logo após a vitória do Mineiro na etapa do World Tour do ano passado de Mundaka, na Espanha: “Adriano venceu. Você sabe disso. A primeira vitória na ASP World Tour, ele mereceu. Ser brasileiro significa surfar 20% melhor que o outro surfista para conseguir as mesmas pontuações. Então, bom trabalho, garoto.”

Sharp foi procurado pela Fluir, mas não respondeu aos e-mails. Meses antes, pouco depois do vice-campeonato de Mineiro na primeira etapa do World Tour no ano, na Gold Coast, outro americano suicida já havia escrito um libelo em defesa de Mineirinho. Jimmy Wilson, editor associado de fotografia da bíblia do surf ianque, a Surfing, decidiu cortar na própria carne da mídia local ao comentar textos de colegas – algumas vezes da mesma revista – em que Mineiro e os brasileiros em geral eram ironizados por seus comportamentos dentro e fora d´água.

Um dos exemplos citados por Wilson foi o de Tim Baker, do site Surfline, sobre a semifinal entre Mineiro e Taj Burrow na Austrália, quando o brasileiro aniquilou o aussie. Diz o texto de Baker: ”Adriano até surfou uma até a areia, depois de um pequeno tubo, limpo, sugando a onda até a beirinha, como se ele estivesse numa praia brasileira. Velhos hábitos demoram a morrer.” Wilson retrucou: “Adriano massacrou a onda e foi totalmente mal julgado. Essa bateria contra Taj deveria ter tido uma margem (na vitória de Adriano) ainda maior que a que ocorreu. Era como se os juízes estivessem tentando deixar uma porta aberta caso Taj ensaiasse uma recuperação, assim poderiam sobrevalorizar as notas dele para que avançasse à final.”

O editor da Surfing disse à Fluir que não acredita que brasileiros sejam particularmente mal julgados no tour. “Mas eu realmente acho que às vezes os juízes empurram alguns surfistas que eles gostariam de ver bem posicionados ou outros em que há um interesse especial durante um determinado evento. Mas assim são as competições de surf ao redor do mundo. Vejo isso acontecer também na Califórnia, no circuito da NSSA (americano).”

O exemplo de Mineiro

Mineiro é o protagonista da história, por ser, hoje, o único surfista brasileiro em condições reais de disputar o título mundial com as estrelas dos países dominantes. Um top 5 legítimo. Ponderado, mas sem fugir da raia, o paulista deu a opinião sobre a existência – ou não – do tal preconceito contra brasileiros. “Este é um assunto muito falado e polêmico. Apesar de nunca ter sentido na pele alguma coisa, sei que outras pessoas passaram e passam por esse problema. Acho que cabe a nós continuarmos a trabalhar e procurar reverter isso, porque somos um povo forte em vários aspectos, inclusive na personalidade. Estamos crescendo no surf, e isso pode incomodar alguém”.

O surfista do Guarujá parece ter entendido que o caminho das pedras para o título passa, claro, por eventuais erros de julgamento. Quando questionado sobre a tal desvantagem de dois pontos levantada por Roger Sharp, ele deu um floater por cima da polêmica. “Acredito que devo procurar trabalhar para estar sempre em evolução, buscando cada vez mais surfar melhor e dentro do critério. Tenho que estudar o critério de julgamento utilizado em cada onda do circuito e estar cada vez mais íntimo, dentro dele.”

O melhor remédio, diz o brasileiro, é não ficar martelando os erros do palanque: “O julgamento do surf é subjetivo e, por isso, sempre deixa alguma dúvida. Sempre tem alguém que viu a onda de outra maneira. Com certeza, já saí achando que fui mal julgado, mas também que fui beneficiado. Por isso, prefiro não pensar nisso. Procuro visualizar o que eu poderia ter feito melhor para ter revertido o resultado e, assim, estar bem preparado para o próximo evento.”

A postura concentrada de Mineiro é tão respeitada lá fora que Jimmy Wilson acredita que o paulista pode criar um efeito inverso, ou seja, a desconstrução do preconceito contra brasileiros por um excelente exemplo. “Adriano pode se tornar um grande embaixador do Brasil, e o fato de ele ser bem visto poderia muito bem influenciar no modo como os surfistas ao redor do mundo enxergam os brasileiros.”

Teco: “juízes não têm consciência de que são preconceituosos”

Teco Padaratz já foi de tudo um pouco no circuito mundial. Ganhou etapa em final contra Kelly Slater (Hossegor, 1994), chegou a top 8 do mundo, representou os surfistas à frente da WPS (World Professional Surfers, espécie de sindicato dos top 45) e depois virou cartola, ao obter a licença para realizar a etapa brasileira da primeira divisão do surf mundial, em Santa Catarina.

Com tanta bagagem, Teco fala o que pensa: “Concordo que há uma diferença entre o brasileiro e o gringo, porém, ela é altamente involuntária. Não acredito que os juízes tenham consciência de que são preconceituosos com brasileiros. Eles apenas não acham que o brasileiro faça uma linha de surf adequada ao resto dos surfistas da ASP.” Para o manda-chuva da etapa brasileira, não é só o brasileiro que vive no fio da espada dos juízes. “Mas acontece mais com a gente.”

Bede Durbidge é um desses gringos que estariam na lista dos prejudicados eternos, se houvesse uma. Nascido na Austrália e top 5 do circuito mundial há três temporadas consecutivas, o imperturbável australiano jamais conseguiu assinar com alguma gigante de surfwear, talvez por ser contemporâneo – e conterrâneo - do estilo de Joel Parkinson e da velocidade e do sangue no olho de Mick Fanning. Apesar da vida dura longe do estrelato e de eventuais notas subestimadas, ele fechou no terceiro posto do mundo ano passado, depois de um vice-campeonato em 2008. Talvez por isso seja tão evasivo ao falar de favorecimento a surfistas. Tem toda a razão. “Não estou certo sobre essa discussão e sobre como eu me sinto a respeito disso. Acho que o julgamento é justo na maior parte do tempo. E, às vezes vai para um lado, às vezes vai para o outro. As pessoas sempre terão opiniões distintas”, driblou.

De fora, Teco pode ser mais contundente. Questionado sobre erros históricos da ASP, ele lembra a esquecida final do WCT brasileiro entre Victor Ribas e Damien Hobgood, ofuscada por ter rolado logo depois do dramático sétimo título mundial de Kelly Slater. “O Damien pegou a última onda e, com isso, o Victor acabou perdendo. As notas do brasileiro estavam nitidamente presas a uma escala menor. Não sei se foi pelo destaque do Damien virando a bateria. Quando isso acontece, muitas vezes o juiz pode ser movido pela reação incrível de um surfista querido por todos, como o Damien. Mas é preciso que fique claro que estamos falando de centésimos, e isso, na soma total, não significa muita coisa.”

Entre a serenidade e a ira

Centésimos podem fazer a diferença entre a serenidade e a ira. Vitinho, um cara conhecido pela calma, teve os 15 minutos de fúria a que todo ser humano tem direito em 2001, depois de ser prejudicado numa bateria do WQS das Ilhas Maldivas. Lançou pequenas pedras de praia na direção do palanque onde estavam os juízes. A ASP, claro, puniu o atleta. Em entrevista à Fluir sete anos depois, ele falou com tranqüilidade sobre o assunto. “Durante um tempo eu achei que era prejudicado. O episódio das Maldivas foi uma explosão, quem me conhece sabe que eu não sou um cara agressivo. Mas aconteceu e tive que conviver com as consequências. Ainda tive muito tempo no tour e, com o tempo, essas coisas são esquecidas.” A prova maior da maturidade do surfista foi vista na final do WCT brasileiro em 2005: ele perdeu – segundo o próprio organizador, de maneira duvidosa - e teve classe ao sair da água.

Preconceito ou complexo de vira-lata?

Os dirigentes não entram na onda do preconceito. Ex-juiz e head judge, o diretor da ASP América Latina, Roberto Perdigão, rechaça totalmente a ideia de que brasileiros sejam mal julgados. Para ele, o problema é técnico, ainda que seja difícil de aceitar essa realidade. “No universo do Dream Tour, os brasileiros estão em um patamar técnico inferior ao da grande maioria. Isso acaba gerando todos esses subterfúgios.” O cartola dá exemplos de brasileiros bem sucedidos para desmistificar o favorecimento a uma nação ou à outra. “Vejo os brasileiros sendo muito bem julgados e obtendo ótimos resultados no tour da ASP e, em especial, no Mundial Pro Júnior. Isso sem falar da carreira vencedora da Silvana Lima.” E conclui: “Como explicaremos o sucesso de nossos surfistas se dermos ouvido à essa teoria da conspiração?”

Perdigão fala de um “histórico e cultural complexo de inferioridade que nós temos a mania de alimentar”. Deve ser coisa parecida com velho complexo de vira-lata, criado por Nélson Rodrigues antes de a Seleção Brasileira de futebol conquistar seu primeiro caneco. Mineiro pode ainda não ser um novo Pelé, mas, diz o dirigente, tem boas chances de ajudar a construir uma nova imagem para o país. “Adriano tem sido o único surfista brasileiro da atualidade que se aproxima do padrão técnico dos surfistas de ponta do World Tour. Pela primeira vez em muitos anos, temos um surfista vencedor, com bala na agulha para disputar o título mundial. Isso melhoraria a imagem do surfista brasileiro no tour.”

Marcelo Andrade, diretor executivo da Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp), reconhece que há favorecimento a alguns escolhidos em determinadas situações, mas afasta a ideia de complô contra brasileiros. “O quadro de juízes da ASP é muito bom, e melhora a cada ano. Mas, em algumas baterias de atletas que disputam o título contra coadjuvantes, nota-se que os coadjuvantes tendem a ser mais exigidos”, levanta a bola.

O próprio Marcelo se encarrega da difícil tarefa de dar nome aos beneficiados em baterias. “Não é sempre que isso acontece, somente em algumas oportunidades. O Joel (Parkinson), por exemplo, foi bem julgado no começo do ano passado, principalmente na África do Sul”, diz ele, deixando claro que o “bem julgado”, no caso, é ter sido favorecido pelos juízes. “Na final que o Kelly fez com o Mineiro no Brasil, o americano passou uma onda inteira dando floaters e ganhou nove. Será que se o Mineirinho fizesse o mesmo ganharia pontuação semelhante? De toda forma, Kelly mereceu o resultado. Esses atletas às vezes são bem julgados, mas normalmente o resultado é justo.”

Andrade lembra pelo menos duas baterias em que os brasileiros foram prejudicados. Citou uma de Guilherme Herdy contra Taj Burrow na Joaquina (em 2004, na primeira fase) e outra em que Fábio Gouveia perdeu para Damien Hardman no Rio (em 1992, na semifinal). Nos dois casos, curiosamente, os surfistas beneficiados foram campeões da etapa. Instigado a se recordar de baterias em que, ao contrário, um brasileiro foi sobrevalorizado, ele não puxou o bico: lembrou de uma vitória do Piu Pereira contra Martin Potter e outra de Dadá Figueiredo em cima de Brad Gerlach. “Os critérios eram diferentes, e minha avaliação pode estar errada. É uma opinião. No caso do Potter, ele foi mais radical. No de Dadá, eu era o técnico dele, mas assim mesmo achei que o Gerlach surfou melhor.”

Surfistas reclamaram de notas de Sunny e Occy no ano de seus títulos

Longe das cartolas, dos palanques e, agora, do tour, Gouveia – surfista brasileiro mais vitorioso da história da ASP – viveu nesse mundo louco de avaliações subjetivas e muita polêmica. Os conterrâneos largam atrás, Fabinho? “Não tenho analisado tanto as baterias ultimamente, mas já fiquei algumas vezes com essa percepção. Claro que dois pontos a menos é um exagero, mas às vezes vejo notas que poderiam ser um pouco melhores. No geral, penso que a situação já foi muito pior. Hoje, o negócio tá mais profissional.”

Ele, assim como outros, bate na tecla do queridinho da vez: “Existe, sim, e sempre vai existir a figurinha do momento. Sempre foi assim. Quando tem um cara em ascensão, a tendência é que ele seja bem julgado e, com isso, muitas vezes rola essa impressão.” Apesar do cenário hostil, Fabinho sempre evitou reclamar com juízes, para preservar sua imagem. “O atleta é munido de uma auto-avaliação. Sempre procurei não arrastar a sardinha para o meu lado durante a análise, pois você vai achar que ganhou em caso de resultado apertado. Por isso, sempre tive muito cuidado com reclamações com juízes. Achava importante dar a impressão de que minha reclamação teria algum fundamento.”

Na entrevista de Fabinho, a lista de surfistas agraciados com boas notas ganhou dois novos alternates. “No julgamento, acho que os anos em que mais reclamaram foram os dos títulos do Sunny e do Occy. Ainda assim, muito do que rola sobre erros de julgamento é folclore.”

Se há algum preconceito – ainda que seja velado – ele tem relação com a imagem do brasileiro nos picos internacionais, baseada, claro, em generalizações. O americano Marcus Sanders, editor do Surfline, concorda, e elaborou uma lista de causas para esse suposto problema:

“Acho que a questão do preconceito envolvendo brasileiros tem relação com três coisas, todas baseadas em generalizações que podem ou não ser reais, dependendo da pessoa em questão: A natureza competitiva dos brasileiros (pegam mais onda que outros dentro d´água); entram no mar com mais de dois amigos e tomam os lineups; e reivindicam notas em ondas ao fazer manobras em seções críticas (ou nem tanto).”

Wilson, da Surfing, também tenta buscar causas pro preconceito contra o país tropical. “Os brasileiros são muito conhecidos por serem agressivos e com fome de ondas. Em algumas situações em que estive durante viagens, pude perceber sinais disso. Então posso entender por que algumas pessoas têm opinião formada contra surfistas brasileiros.”

Não faltam argumentos a jornalistas americanos, mas, para Teco, o muro que separa brasileiros das nações líderes do surf mundial – EUA e Austrália – é mais visível na imprensa especializada lá de fora que nas avaliações de juízes. “O preconceito existe mais por espaço na mídia que nós não recebemos. Quando venci o Slater em 1994, a Surfer mal reconheceu que fui eu que ganhei o evento. Por outro lado, quando o americano vence uma etapa, a Fluir dá capa para ele. Você consegue ter o resto da conclusão?”, pergunta o catarinense.

O que parece é que a disputa pelo título mundial obedece à lógica cruel de todo jogo de poder: quem está lá, não quer sair; quem não está, quer entrar. Alguns bons surfistas brasileiros já ousaram bater à porta, mas enquanto um super-herói do tamanho de um Pelé – ou mesmo de um Slater – não assumir a missão de arrombá-la no estilo “Bustin down the door”, americanos e australianos farão de tudo para manter – de forma justa ou não - o cadeado bem fechado.

Desde os polinésios, a melhor onda é para poucos

A Justiça não se equilibra bem em cima da prancha desde o Havaí pré-James Cook, dos polinésios originais. Antes do século XVIII, grandes chefes, chamados de ali´is, tinham privilégios indiscutíveis: surfavam as melhores ondas, nos melhores picos e com as maiores pranchas – chamadas de olos. Se um cidadão comum entrasse na área restrita pelo código kapu (tabu, conjunto de regras que norteava os havaianos), poderia ser condenado à morte.

Uma das lendas contadas na velha tradição oral das ilhas lembra de uma disputa sangrenta entre os chefes Umi-a-liloa e Paiea. Durante a competição, a prancha de Paiea se chocou contra o ombro de Umi, que assim mesmo venceu a prova e ganhou como prêmio quatro canoas de Paiea. Apesar da vitoria, Umi guardou rancor pelo acidente: quando, mais tarde, se tornou um chefe de alto escalão, sacrificou impiedosamente o adversário em seu templo.

Box 2 – Seed, a maldição dos novatos

A regra do seed surgiu com uma missão aparentemente nobre, explicada no próprio livro de regras da ASP: evitar que os melhores surfistas se enfrentassem antes das quartas-de-final. Desta forma, os primeiros do ranking atualizado todo primeiro dia do mês pegariam apenas convidados locais de cada etapa e os surfistas com menos pontos na temporada.

A ideia foi importada do tênis, esporte com critérios absolutamente objetivos. Bola dentro é ponto. Por isso, na arena de Roger Federer o critério funciona perfeitamente. Mas no evento de surf, dominado pela imprevisível subjetividade do homem, a estrela entra na água contra o novato – ou o mal colocado – com uma vantagem muito maior que apenas a diferença técnica já existente entre os dois. Quase todos os entrevistados para essa matéria concordaram, em maior ou menor medida, que os melhores surfistas por vezes são protegidos pelo julgamento.

Portanto, nas ondas, o seed da ASP acaba se tornando um obstáculo real ao desenvolvimento de novos atletas no circuito e, claro, à mudança de trono nos tops. Furar o bloqueio - como Adriano Mineirinho está fazendo - e se tornar um beneficiado pelo seed é uma tarefa muito mais árdua que simplesmente acertar uma bola no fundo da quadra e fechar um jogo.

* reportagem publicada na edição de fevereiro da revista Fluir

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