12.11.08
Como disse outro dia o Elísio Tiúba, a etapa brasileira do WCT este ano foi, com muita boa vontade, um SuperSurf requentado por convidados. Sem querer desmerecer nosso excelente circuito, claro. A nata do surfe nacional estava lá - Márcio Farney, Marco Polo, Jano Belo, William Cardoso, Gustavo Fernandes e outros 15 surfistas do país - atrás do pote de mel. Todos amarradões. Afinal, não é todo dia que essa galera tem ao alcance uma premiação de US$ 320 mil e a chance de fazer a fama destronando o Taj Burrow.
Mas os 11 melhores surfistas da elite não apareceram, entre eles o campeão. Poucos, como Mineirinho, tinham motivos reais para a ausência. A ASP lamentou as faltas, mas disse que os surfistas gazeteiros eram respaldados pelo regulamento da entidade, que permitia descartes. Quem fez o regulamento? A quem esse regulamento beneficia? Que outro propósito senão estimular a bagunça, esvaziar eventos, desrespeitar um país, tem essa regra?
A ASP diz que estuda mudar a lei. Estuda? Definitivamente, essa entidade não parece ser administrada por pessoas sérias. Os organizadores da etapa brasileira se desdobram para conseguir centenas de milhares de dólares de patrocinadores num país pobre, montam uma super-estrutura para receber os melhores surfistas. Aí, as estrelas, respaldadas pela ASP, simplesmente não dão as caras. Fico imaginando se Roger Federer e Rafael Nadal decidissem não comparecer a Wimbledon porque jogar tênis na grama não é tão bom quanto no saibro. Poderiam dizer que a grama é o beach break do tênis, mas seriam banidos da ATP.
A postura da ASP não surpreende. A mesma entidade encobre agressões a surfistas, faz vista-grossa a imposições descabidas de havaianos nas etapas do North Shore.
Não bastasse toda essa bagunça, depois de entrar na água, nenhum de nossos 20 surfistas inscritos no evento chegou ao pódio. Ficamos sem as estrelas, sem os troféus e com a incômoda sensação de que nossos melhores surfistas são piores que a xepa dos surfistas da elite.
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