Surfe deluxe

Diário de amador: Bahia 08

20.7.08

Esquerdas sem crowd na Praia do Forte

Praia do Forte, cenário também para viagens sem prancha

Fredinho surfando num secret da Bahia
Fred Schmidt, colaborador super especial do blog, viajou novamente atrás das ondas. Desta vez, o destino foi o litoral baiano - das ondas da capital às praias adornadas de Mata Atlântica em Itacaré. O Surfe Deluxe publica durante esta semana os relatos da trip do surfista e administrador. Confira abaixo o primeiro texto, sobre a capital e a Praia do Forte.
Como eu tinha alguns dias de férias para tirar, aproveitei um convite de um primo baiano para visitar parte da família durante o feriado de Corpus Christi e encaixar as férias logo em seguida. Há algum tempo eu estava com vontade de desbravar o litoral baiano em busca das boas ondas que rolam por lá na temporada certa. Acabei dando sorte com a entrada de um bom swell do quadrante sul/sudeste, com variação de leste, que proporcionou ondas consistentes e de tamanhos variados. Foi nessa mesma época que as ondas ficaram realmente grandes em picos como Itapoã e Aleluia, praias famosas a cerca de 25 quilômetros ao norte do centro de Salvador.

Estava retornando ao surfe, após um período de um mês fora d’água por conta de um corte de quilha no meu pé esquerdo e, por isso, preferi ter cautela na escolha dos mares. Já havia estado antes naquela mesma praia (na região próxima ao aeroporto) onde meu primo tem casa, mas nunca tinha visto as ondas com tal intensidade e força. Séries com ondas de 2 metros (direitas principalmente) varriam desde o outside até o quebra-côco, com um vento forte que soprava paralelo à praia. No meu primeiro dia, preferi surfar uma onda mais fun e cheia na outra ponta da praia. A onda é uma esquerda que quebra no outside em um fundo de pedras e vai abrindo até a praia na maré certa. Estava acompanhado do meu irmão Guilherme, que é windsurfista, mas também se arrisca nas ondas do surfe em seu funboard.

Por ser baixa estação, início de semana e relativamente distante de Salvador (40km), era raro se ver outros surfistas naquela região. Por um lado era ótimo, pois não havia crowd, porém, naquela condição de ondulação, e para quem nunca surfou por aquelas bandas, ficava faltando uma referência para se saber onde realmente são os picos de surfe e quais são os melhores lugares para se entrar e sair da água, devido a enorme quantidade de pedras espalhadas na maioria das praias. Em uma outra sessão de surfe na mesma praia, acabei entrando sozinho num mar pouco amistoso, com ondas de 2 metros quebrando bem no outside e com um inside repleto de pedras. Acabei tomando algumas bombas na cabeça até me localizar no pico, para só então pegar 2 direitas volumosas. A onda lá é forte e rápida. Ela abre um bom braço para manobras. Além dessa direita mais na ponta da praia, existe um beach break onde a onda quebra para os dois lados.

O litoral da Bahia é bastante recortado, alternando entre longos trechos retos, pequenas baías e diversas saídas de rios, além de apresentar em quase toda sua extensão praias com formações rochosas, com fundos de coral ou simplesmente pedras. Basta você procurar um pouco que você encontrará praias que irão lhe proporcionar ondas incríveis!

Tiramos um dia para ir até a Praia do Forte, um lugar lindo e com boa estrutura para receber os visitantes. Hotéis, pousadas, restaurantes de culinária baiana e internacional, bares como o famoso Sousa, comércios de souvenir e agências de turismo estão espalhados por todos os lados. No passado era apenas uma simples vila de pescadores e que com o passar dos anos, ficou mundialmente famosa pelas suas belezas naturais, intensa vida marinha, e noturna também, atraindo brasileiros e gringos de todas as partes do planeta. Mas o que mais atrai no Forte são as praias, que são de uma beleza singular. As águas cristalinas e corais se estendem por uma vasta área, que proporcionam o surgimento de piscinas naturais na maré baixa, onde se pode apreciar as belezas do mundo submarino com um equipamento básico de mergulho, além é claro, surfar ondas de qualidade internacional.

A Praia do Forte abriga uma das principais sedes do Projeto Tamar. Visitamos o Tamar, que fica localizado na praia, em frente às piscinas naturais. Lá é possível observar e aprender um pouco sobre as 5 espécies de tartarugas que ocorrem na costa brasileira, além de tubarões lambarus, peixes de diversas espécies, arraias e moréias. Depois de uma forte chuva com vento maral, caminhamos até um dos picos de surfe da Praia do Forte. Este pico é conhecido como Papa-gente, e lá rolam duas ondas: uma esquerda e uma direita que correm em direção a uma pedraria que fica no meio dos dois picos. As ondas estavam pesadas e levemente balançadas, com cerca de 1 metro e às vezes maiores, porém com muita força e quebrando violentamente sobre a bancada de corais. Resolvi surfar a esquerda e acabei não pegando muitas ondas. De dentro d’água vi que a direita estava com melhor formação, mas havia um certo crowd de surfistas locais que dominavam a onda. Vi a galera detonando nas manobras - batidas, rasgadas, rabetadas, aéreos! É impressionante como os surfistas baianos têm facilidade em lidar com as bancadas de corais e “cabeças-de-nego” (pedras e corais que afloram na frente das ondas na maré vazante).

Não tivemos muito tempo para explorar as ondas da Praia do Forte, mas sei que, nas condições ideais, a formação chega a lembrar a Indonésia. Ondas lisas, rápidas e tubulares. Não é à toa que a Billabong decidiu realizar pela primeira vez uma etapa do WQS (Billabong Surf Eco Festival) nas ondas da Praia do Forte. Chegamos a ver diversos banners do campeonato que teve seu início oficial no dia 16 de junho e terminou no dia 22, com uma final entre dois excelentes surfistas brasileiros: Adriano Mineirinho e Marcelo Trekinho. Apesar da torcida pelo Trekinho, meu vizinho da rua e local hero do Pontão do Leblon, o Mineirinho acabou vencendo com muita radicalidade e confirmando sua ótima fase no circuito mundial. Parabéns para ele, que está surfando muito em todas as condições de ondas!

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Blog de notícias sobre as ondas e seus personagens, escrito com palavras salgadas pelo jornalista Tulio Brandão.
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Foto de fundo: Saquarema, por Fábio Minduim / Layout: Babi Veloso
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