Surfe deluxe

Os mais votados para surfista ideal

5.3.08

Mineiro, que entortou Snapper Rocks, foi eleito em três categorias na votação
Foto: Steven Robertson (ASP Images)

Entra ano e sai ano, a perguntinha encardida resiste impávida nas entrevistas de praia: "o Brasil tem chance de ganhar o título do WCT?" As respostas dos tops nacionais variam de "vamos dar tudo" a "estamos cada vez mais perto". Pouca gente, no entanto, aposta as fichas na bandeira verde-amarela. Nos botecos com areia no chão e cerveja gelada, o discurso da vez é o de que não há surfista brasileiro que reúna os atributos necessários a um campeão do mundo.

Na falta de um Slater nordestino ou de um A.I. gaúcho, Surfe Deluxe decidiu montar um mosaico do surfista brasileiro ideal. O frankenstein surgiu a partir de uma enquete com 20 apaixonados pelo esporte, entre surfistas e jornalistas, além de profissionais do mercado do surfe e de outras áreas - todos com mais de 20 anos de onda. A eles, coube eleger um atleta que representasse o surfista ideal ou, na falta dele, o melhor em cada uma das 10 categorias especificadas (surfe em beach break, surfe em tubos, surfe em ondas pesadas, linha de onda, inovação, carving, coragem, disciplina/concentração, imagem positiva e apoio do mercado) para formar um surfista ideal.

Adriano Mineirinho - que anteontem soube vender bem caro a derrota para Kelly Slater na etapa inaugural do WCT - teve a votação mais expressiva. Somou (ao todo) 35 votos para ser eleito em três categorias - técnica em beach break, disciplina/concentração e apoio do mercado. E, de lambuja, ganhou um dos dois únicos votos - entre 20 jurados - na categoria surfista completo, capaz de ser campeão mundial com seus atributos. O outro foi para Raoni Monteiro. O segundo mais votado na eleição por categorias foi Bruno Santos, com 19 indicações, seguido por Fábio Gouveia (16), Marcelo Trekinho (13), Léo Neves (11) e Rodrigo Dornelles (10). Ao todo, 31 surfistas brasileiros receberam voto em pelo menos uma categoria.

Quem escolheu Mineiro foi o editor do site Waves, Alceu Toledo Júnior, que questionou os desconfiados nas chances de título do surfista de Guarujá: "Por que não? Ele é campeão mundial Sub-20 como o Andy Irons, que aliás também levou anos para deslanchar no WCT". O big rider Rodrigo Resende, na vez de jurado, apostou em Raoni: "Para mim, é ele. Só falta se concentrar mais um pouco, pois tem surfe para ser campeão mundial com facilidade."
Os demais integrantes da comissão julgadora preferiram montar um quebra-cabeças do surfista brasileiro ideal com várias peças. Depois da votação, o frankenstein das ondas ficou assim:

- a técnica em beach break de Adriano Mineirinho (12 votos)
- a técnica em ondas tubulares de Bruno Santos (8 votos)
- a técnica em ondas pesadas de Carlos Burle (5 votos)
- a linha de onda de Fábio Gouveia (6 votos)
- o surfe inovador de Marcelo Trekinho (6 votos)
- o carving de Léo Neves (7 votos)
- a coragem de Rodrigo Resende (5 votos)
- a disciplina e a concentração de Adriano Mineirinho (3 votos)
- a imagem positiva de Fábio Gouveia (9 votos)
- o apoio do mercado de Adriano Mineirinho (14 votos).

Apesar do recorde de indicações, os votos de Mineirinho estão concentrados em duas categorias que, isoladamente, não bastam a um campeão mundial do WCT: técnica em beach break e apoio do mercado. Por outro lado, Bruno Santos, mesmo ainda ralando no WQS, disputou atributos de maior peso no cenário da elite mundial: foi eleito o melhor em ondas tubulares e terminou como o segundo mais votado em coragem e técnica em ondas pesadas. Fábio Gouveia botou no bolso as categorias linha de onda e imagem positiva.

Rodrigo Dornelles perdeu por pouco para Fabinho o título de melhor brasileiro na valorizada arte de passear geometricamente pelas paredes e quase foi eleito também na categoria carving, por sua habilidade em usar a borda. Foi vice de Léo Neves, que segue carreira ascendente no WCT. A categoria surfe inovador, cada vez mais exigida na elite, ficou com o carioca Marcelo Trekinho, surfista talentoso que ainda não furou o bloqueio do WCT.

Participaram da comissão julgadora os jornalistas Alceu Toledo Júnior, Alex Guaraná, Clemente Coutinho, Eduardo Chalita, Fábio Minduim e Felipe Zobaran; os surfistas Marcelo Trekinho e Rodrigo Resende (que não votaram em si mesmos!); o empresário de surfwear Álfio Lagnado; o shaper Joca Secco; o organizador da etapa carioca do WQS, Sérgio Lindenmann; e profissionais de outras áreas, todos sabidamente aficcionados por surfe: os empresários Marcos "Tola" Faria, Maxime Perelmuter e Fábio Barcellos; os designers Lúcio Tapajós e Rodrigo Schmidt; o contador Alexandre Amaral; o administrador André Somaglino; o analista de sistemas Bráulio Gouveia; e o editor de arte Fernando Alvarus.

A partir de amanhã, o blog vai publicar o resultado completo da votação nas 10 categorias, com as escolhas de cada jurado. A primeira matéria será sobre a escolha do melhor surfista brasileiro em beach break. Mineirinho ganhou de lavada.

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