Surfe deluxe

Diário de um amador: Noronha

12.2.08

Fredinho Schmidt é um dos surfistas amadores mais fissurados do Leblon. É aquele amigo que sempre sabe a condição do mar, compra os equipamentos corretos e, nas janelas de folga do trabalho em Furnas, está dentro d'água. Quando não tem onda, costuma tramar surftrips com amigos de uma lista da internet chamada Rassa (outra hora conto sobre essa quase maçonaria).

A última viagem, no feriado de carnaval, foi pra Noronha. Ele tirou tubo, foi rabeado e, às vésperas do Hang Loose, viu quem tava bem. Na volta, como sempre, Fredinho preparou um minuncioso relato de suas experiências para o deleite dos amigos. Agora, decidiu estender o prazer da leitura das experiências de um amador na ilha aos locais do Surfe Deluxe. As histórias não poderiam sair do forno em hora mais propícia: o WQS de Noronha começa hoje.

O relato de Fredinho:

Tô de volta... Cheguei quebrado hoje (ontem), por volta das 5h. Já tô de volta ao cativeiro, depois de um período de liberdade plena no paraíso.

A estadia em Noronha foi repleta de bons momentos e visuais lindíssimos que irão ficar guardados na minha memória para toda a vida! Sem dúvida é o lugar mais lindo que já estive em toda minha vida. Recomendo a visita ao arquipélago...

Dei sorte com as ondas de Noronha e, na média, peguei mares com ondas variando de 1m a 1,5m, sendo que as cracas na série vinham fechando geral com 2 metros. A onda é rápida, seca e muito power! Normalmente é o drop seguido de um buraco pra se jogar pra dentro... Sair é que é a missão. Peguei uns tubinhos, mas as ondas da série normalmente já tinham donos. Foda. Os nativos tavam a mil com a seletiva para o Hang Loose Pro, pois este ano parece que vão colocar oito nativos para competir no WQS. Com isso, os noronhenses não tavam perdoando e dropavam em todas! Cheguei a tomar três rabeadas em ondas muito boas no mesmo dia. Este foi o ponto negativo. Mas mesmo assim me diverti nas ondas da Cacimba. Às vezes, demorava para entrar as séries no pico e eu ficava impaciente.... Via neguinho pegando altas direitas mais para o lado do Bode. Surfei aquelas direitinhas num fim de tarde... só eu e o Elisio Tiúba, que tá lá com a namorada desde o dia 27 de dezembro.

Não parou de dar ondas na semana em que estive lá... só mesmo ontem que o mar baixou e eu não surfei.. fiquei na função da bagagem. Surfei algumas vezes nas praias do Meio e do Cachorro, que também proporcionam ondas de qualidade.

A semana ia passando e a prozada ia pipocando pela ilha.... o primeiro, que chegou comigo no mesmo vôo, foi o Danilo Costa, que surfa muito bem aqueles canudos. Dois dias depois chegou a dupla da Billabong - Pablo Paulino e Ricardinho da Guarda. Os moleques são os mais fissurados... Fazem de tudo! Tubos, aéreos, rabetadas, batidas, desgarradas, um verdadeiro show de surfe. Pablo tava com tanta gana pro surfe que conseguiu quebrar quatro pranchas em três dias. Yuri Sodré também apareceu no meio da semana, e logo no primeiro fim de tarde "torou" (como só os nordestinos falam) uma prancha ao meio. Tava cheio daqueles nordestinos voadores por lá. Nem sei os nomes dos caras. No fim da tade de quinta-feira, quando eu e o Elisio já estávamos na estrada voltando pra Vila, passou o bugue com o Trekinho e o Sifu.... nego ficou amarradão de nos encontrar lá! Não cheguei a vê-los surfando, pois na sexta-feira eles não apareceram na Cacimba até a hora de eu vazar.

Conheci três fotógrafos e, à noite, vi as fotos dos caras. Altas imagens!!! Fábio Gouveia chegou no mesmo dia do Treko e do Sifu e, pelas fotos, o bicho tava surfando que nem um moleque... Soltinho! Mandando uns aéreos e pegando altos tubos!

Na real, tem onda pra todo mundo. Só é foda que os locais não respeitam muito a galera. Até os prós tomam rabeadas. O Evaristo tomou uma rabeada e saiu no prejuízo com uma prancha partida.

Foda mesmo foi o acidente que rolou lá... um surfista de Curitiba (pelo que me falaram), surfando na maré seca, bateu de cabeça no fundo. Saiu da água caminhando e quando chegou na areia caiu e não sentia mais os braços e as pernas. Foi socorrido pelos surfistas e o fotógrafo até a chegada dos bombeiros. Parece que um helicóptero levou o cara para o hospital. Coitado.

Fiz meu batismo no mergulho de garrafa lá na Ilha do Meio. Mergulhei 13 metros e fiquei 40 minutos em baixo d'água. Alucinante! Vi tubarão lambaru, tartarugas, moréia e barracudas grandes. Muito legal o visual e a sensação de respirar em baixo d'água. Vou ver se mergulho aqui no Rio de novo.

Caminhei muito pela ilha. Conheci várias praias e cantinhos afastados. Pegava carona ou o ônibus.... E dá-lhe pernada. Levava sempre água, sanduíche, máscara, snorkel, pé-de-pato, filmadora, câmera digital e caixa-estanque. Fiz umas filmagens aquáticas de surfe e dos peixes com a digital. Filmei por todos os lugares por onde passei. Vi os golfinhos no dia do mergulho, fui na pernada até a Atalaia (mergulho no "aquário" ao ar livre).

Rolou showzinho do Falcão na minha última noite... bombou!

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